domingo, 17 de abril de 2011

Alunos discordam sobre distribuição de camisinhas em escolas

Pesquisa mostra que os adolescentes têm dificuldade de acesso ao preservativos. Governo quer oferecer instalação de máquinas de camisinhas em escolas do ensino médio.

A idéia só passa a valer a partir do ano que vem. Mas já está provocando a maior polêmica.Estudantes, pais e educadores discutem se está certo ou errado instalar máquinas para distribuição de camisinhas nas escolas públicas.

Falar de sexo? É claro que quando se fala de sexo se fala de tabu, se fala de preconceito, se fala de tradição, se fala de pecado. O que mais se fala de sexo? Silêncio na sala. Que timidez!

Quando se fala de sexo, se fala também em prevenção e é aí que ela, a camisinha, entra em cena ! É o melhor jeito de evitar a contaminação pelo vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, além de prevenir a gravidez.

“As pesquisas recentes indicam que jovens entre 13 e 19 anos têm uma vida sexualmente ativa. Se eles têm uma vida sexualmente ativa, seria uma atitude dissimulada fechar os olhos para esta realida de”, afirma a doutora em antropologia Micheline de Oliveira.

O Ministério da Saúde em parceria com o Unicef fez uma pesquisa e descobriu que os adolescentes têm dificuldade de acesso ao preservativo. Por isso, escolheu a escola para encurtar este caminho. Sem querer, criou uma polêmica: afinal, escola é lugar para distribuir camisinha?

“Neste local, onde eles estão juntos em turmas de amigos, ter este acesso de maneira, sem preconceito, sem discriminação, com facilitação, acho que é o nosso papel”, a firma o coordenador do Programa DST Aids, do Ministério da Saúde, Dirceu Grecco.

Até o início do ano que vem, pelo menos quarenta escolas públicas de três capitais brasileiras vão começar a testar as máquinas de camisinhas como a mostrada na reportagem.

Mas o que pensam os adolescentes, Os mais interessados no assunto?

“Eu não concordo com estas máquinas aqui dentro da escola, porque tem os postos de saúde que di sponibilizam. E eu acho que não é o local apropriado”, afirma um estudante Mateus Vasconcelos, de 16 anos.

“É muito mais fácil, Eu estou muito mais vezes aqui na escola do que no posto de saúde”, diz a jovem Thayna Estrela, de 15 anos.

“Dá vergonha você falar para outra pessoa o que você vai fazer. Isso daí é muito constrangedor. Seria melhor com uma máquina, que a máquina você pode contar para ela tranquilo, não dá vergonha”, comenta André Fuch, de 17 anos.

O Fantástico fez um teste e usou uma câmera escondida para observar a reação dos alunos. A máquina de camisinhas passou um dia inteiro em uma escola de Florianópolis. Veja em vídeo a curiosidade da turma.

Como o acesso vai ser liberado apenas para alunos do ensino médio, só eles receberam a senha. Usar a máquina é fácil, basta digitar os números e pronto: o preservativo sai na hora.

O interesse foi enorme. Das 300 camisinhas disponíveis, 190 foram retiradas.

Alunos, professores e pais de uma escola ainda estão discutindo, mas a maioria dos estudantes prefere que a máquina seja colocada em lugares como o banheiro.

As escolas não são obrigadas a receber a máquina, mas quem aceitar a oferta do Ministério da Saúde deve promover campanhas e discussões sobre educação sexual - assunto que gera muita polêmica!

“Eu acho que a escola não é o lugar mais apropriado para isso. Primeiro a educação sexual tem que vir de casa, dos pais”, afirma a estudante Carolina Cristina dos Santos, de 16 anos.

A discussão vai além dos muros da escola. “Eu acho que a escola é o lugar adequado que os adolescentes possam adquirir a camisinha, que muitas vezes eles não conseguem em casa”, diz o psiquiatra Francisco Baptista Neto.

Falar sobre sexo em família nem sempre é fácil. Um estudante diz que, em casa, nunca toca no assunto com os pais, “Até porque dá vergonha falar isso com os pais”, diz Lucas Ortiz, de 19 anos.

Seu Édio é pai de oito filhos e sete deles estudam na mesma escola. Todos eles teriam acesso à camisinha. Ao responder se acha que isso, de alguma forma, facilitaria a conversa sobre sexualidade dentro de casa.

“Com certeza, pelo simples fato de chegar em casa contando a novidade, eu creio que vai abrir uma discussão da família com os alunos. Isso vai provocar. Eu acho que vai vir dos filhos para com os pais, que na verdade deveria ser o contrário, dos pais para os filhos”, diz Édio dos Santos.

“Eu sou contra a distribuição da camisinha na escola pelo fato de se incentivar o início da vida sexual deles”, diz uma das mães, Andréa Voges.

Uma psicopedagoga diz que a escola já está sobrecarregada.

“Eu sou completamente contra. As escolas não estão preparadas para este passo, podendo estar banalizando o ato sexual em si, incitando essas crianças a uma vida precoce, sexual, e o passo seguinte seria perguntar agora: onde eles fariam uso destas camisinhas? Nos corredores das escolas?", diz a psicopedagoga Albertina Chraim.

Perguntamos ao jovem Thales Navarro, de 16 anos, o que ele pensaria ao ver a namorada dele com uma camisinha na mão.

“Como a cabeça do homem pensa né, que é uma guria periguete”, responde ele.

“Infelizmente, a sociedade brasileira ainda vê o uso do preservativo, da camisinha, de forma bastante preconceituosa. As pessoas ainda têm a idéia de que fazer a utilização da camisinha é alguma coisa promíscua”, afirma a antropóloga Micheline de Oliveira.

“Isso facilita o estudante a querer isso. Então, isso incita o estudante a pensar que é fácil e distancia da educação que você tem em casa”, diz Otávio Velas, de 16 anos.

“Eu não vou fazer sexo porque tem um negócio de camisinha no banheiro”, defende Thayná.

“Mas se eu quero fazer sexo, qual é o problema?”, questiona Thayná.



FONTE: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1617348-15605,00-ALUNOS+DISCORDAM+SOBRE+DISTRIBUICAO+DE+CAMISINHAS+EM+ESCOLAS.html


Camisinhas, Refrigerantes e Doces




As camisinhas, antes distribuídas pelo governo em postos de saúde, estarão disponíveis gratuitamente aos adolescentes nas próprias escolas, por meio de máquinas semelhantes às de refrigerantes e doces. Os ministérios da Educação e da Saúde se uniram num projeto para levar preservativos ao ambiente escolar e, assim, reforçar as campanhas de prevenção à Aids e demais doenças sexualmente transmissíveis” (A Tribuna, janeiro de 2007).

Pois é, agora os nossos adolescentes vão poder comprar camisinhas na escola da mesma forma que rotineiramente compram refrigerantes e doces. Parece que estou vendo: “Filhinha, aqui está o dinheiro para o lanchinho de hoje na escola e com o troco, compre uma camisinha, caso hoje você vá ‘ficar’ com alguém...”

Parece que para muita gente as relações sexuais entre adolescentes são tão naturais e normais quanto fazer um lanchinho no intervalo da aula. Uma máquina de camisinhas no banheiro da escola – que apelo essa imagem passa ao adolescente que passa no banheiro para um rápido pipi?

Eu estou perfeitamente consciente dos altos números da AIDS, da gravidez e das DST entre crianças e adolescentes no Brasil. Sei que alguma coisa precisa ser feita. Também sei das publicações oficiais que mostram que o Brasil está entre aqueles países que conseguiram diminuir o avanço da AIDS. Todavia, me recuso a aceitar soluções para esses problemas que partem da premissa que a relação sexual entre adolescentes é um ato normal de satisfação de uma necessidade fisiológica, como matar a sede ou a fome.

O assunto tem tudo a ver com a questão do sexo antes do casamento. A minha opinião é aquela do Cristianismo histórico conservador, ou seja, que o sexo é uma bênção dada por Deus para ser usufruída numa relação de compromisso e responsabilidade dentro do casamento. O sexo é mais do que o envolvimento físico de um homem de uma mulher, tem dimensões mais complexas que só podem ser entendidas plenamente no ambiente do casamento. O sexo antes e fora do casamento nunca pode ser total, pois lhe falta o elemento do compromisso moral, psicológico e espiritual que faz com que ele seja completo. Por estes motivos, considero sexo antes do casamento – e especialmente entre adolescentes – um desvirtuamento da intenção original de Deus quanto à sexualidade.

Pessoalmente, não vejo problemas com campanhas de prevenção contra DST e educação sexual feita de maneira adequada. Apenas lamento a idéia de que a distribuição cada vez maior de camisinhas – ainda que acompanhada de alguma orientação sobre sexualidade – vá resolver o problema. Como muitos, temo que na verdade acabe por fomentar ainda mais a promiscuidade sexual entre adolescentes, que são despertados e se sentem seguros para ter uma vida sexual ativa com vários parceiros de toda orientação sexual disponível no mercado.

E aqui tocamos em outro tema afim, a questão da educação sexual. Acho que os adolescentes deveriam ter educação sexual em suas famílias, desde cedo. É tarefa dos pais instruírem os filhos sobre a sexualidade e as questões relacionadas ao sexo. Mas, porque essa acabou virando uma tarefa quase que exclusiva das escolas? Creio que isso se deve ao fato que muitos pais são omissos, muitas famílias estão destroçadas, muitos pais não têm exemplo para dar e nem autoridade para ensinar qualquer coisa aos filhos nessa área. OK, dos males o menor... mas, e na escola?
A educação sexual na escola não deveria ficar entregue nas mãos de pedagogos, psicólogos e médicos que podem não ter uma formação moral e ética que permita uma visão mais integral do assunto e a inserção de valores morais e éticos que sempre fizeram parte da tradição cristã ocidental. Via de regra, o que se ensina hoje em grande parte das escolas é o "ficar” como sendo normal e desejável, o sexo antes do casamento como se fosse a coisa mais natural do mundo, quer seja hetero ou homo. Só para dar um exemplo, segundo a cartilha “Sexualidade, Saúde e Bem-Estar” da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, escrita com ajuda da coordenadora de seu Programa da Adolescência, o ato de "ficar" – que pode acabar em relações sexuais – é desejável entre adolescentes, pois não traz obrigações, compromissos e rejeições e dá "oportunidade de adquirir mais experiência, antes de eleger alguém como parceiro definitivo". Não sei se essa visão é representativa da visão oficial, mas imagine o que isso representa ao ser lido ao lado de uma máquina de camisinhas!

A causa básica do crescimento da AIDS, da fragmentação da família, do aumento do número de adolescentes grávidas e de mães solteiras, da falta de controle da natalidade, é o impacto, ainda hoje, do movimento de liberação sexual que teve início na década de 60. O movimento derrubou todas as restrições morais com relação ao sexo, desvalorizando o casamento e a virgindade e transformando o sexo numa experiência fisiológica desconectada de valores como compromisso, fidelidade e amor autêntico. Esta é a verdadeira causa da explosão de doenças venéreas, da AIDS, e dos graves problemas sociais resultantes da promiscuidade entre os jovens dessa geração. E o que mais nos dói é saber que há grupos dentro das igrejas evangélicas que defendem o sexo antes do casamento como coisa normal entre adolescentes e jovens. O uso de camisinhas numa situação dessas é um remendo, é usar um band-aid para curar um câncer.

A promoção de uma educação sexual liberal, a campanha e a instalação de máquinas de camisinhas, na minha opinião, terão efeitos contrários, considerando o ambiente erotizado de nosso país, erotizado pela mídia de todos os tipos, pelos artistas, pelas novelas, que atingem nossos filhos até dentro de casa. Estaremos empurrando ainda mais os adolescentes para as relações sexuais.

Não sou contra a campanha oficial para uso da camisinha. Sou contra a falta de uma campanha que atinja o cerne do problema, de uma campanha de educação sexual que enfoque os benefícios e vantagens da abstinência até o casamento. Eu sei que uma campanha dessas é politicamente incorreta e absolutamente impensável para o nosso Estado comprometido com valores seculares e liberais. Contudo, penso que é o caminho correto, pois vai na raiz do problema.

Sei que há quem pense que essa posição acaba por afastar os adolescentes do Cristianismo evangélico. Todavia, não considero essa posição como "fechada". A posição "aberta" só tem trazido problemas de toda sorte a esta geração. Além do mais, o pensamento da Igreja deve se guiar pelo que diz a Bíblia, a Palavra de Deus, e não por objetivos pragmáticos. Os padrões morais revelados por Deus na Bíblia não devem ser diminuídos em nome de se manter as igrejas cheias de adolescentes e jovens. Os jovens gostam da verdade. Se dissermos a verdade a eles em amor, clareza e gentileza, não se afastarão, ao contrário, se sentirão atraídos, pois buscam sempre um ponto de referência.



FONTE: Augustus Nicodemus Lopes (http://tempora-mores.blogspot.com/2007/02/camisinhas-refrigerantes-e-doces.html)

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